A logística desempenha um papel fundamental no funcionamento eficiente da cadeia de abastecimento. Isto tem-se tornado bastante evidente, sobretudo no contexto económico que vivemos que impulsionou o crescimento do comércio eletrónico.
No entanto, em Portugal, como em muitos outros países, o setor da logística enfrenta diversos desafios em áreas como a da tecnológica, sustentabilidade e na formação de profissionais para enfrentar a evolução e o crescimento do setor.
Para melhor compreendermos os desafios enfrentados pelo setor, estivemos à conversa com Filipe Barros, o Executive Manager da revista portuguesa Supply Chain Magazine (SCM) e da Flow Training Academy, o braço de formação da SCM.
Nesta conversa foi-nos possível compreender a importância da formação no setor da logística em Portugal, e o investimento necessário para alinhar o país com os padrões europeus e mundiais.
Filipe Barros é formado em Gestão de Marketing e iniciou a sua atividade profissional em 1990 no Departamento Comercial de uma editora de revistas especializadas. Integrou a equipa fundadora das revistas Distribuição Hoje e Logística Hoje. Foi Managing Director da revista Logística Moderna de 2002 até final de 2017, altura em que lança e cria o seu projecto SCM Supply Chain Magazine. Desde Janeiro de 2018 desempenha funções de Executive Manager na SCM e também na Flow Training Academy (o braço de formação da Flow). O desafio era grande, mas a vontade de o transformar num projecto vencedor era ainda maior: mostrar o lado positivo e vibrante do mundo da Supply Chain, da Logística e das Operações e dar a melhor informação a todos aqueles que trabalham nestes setores.
Uma formação adaptada às necessidades do setor
A Flow Training Academy, enquanto braço de formação da Supply Chain Magazine, tem o objetivo de preencher as lacunas de conhecimento que existem nos profissionais de logística, operações e compras. Através dos cursos especializados que fornecem conseguem responder à procura que existe no mercado por formação relevante e aplicável às necessidades das empresas.
“A pandemia realmente impulsionou o desenvolvimento da Flow Academy. Isto permitiu que, tanto os responsáveis pelos recursos humanos nas empresas, que são os encarregados de planear a formação dos colaboradores, como os diretores de logística e supply chain passassem a compreender que a formação online e à distância resulta e até dá jeito.”
Quais os desafios que o setor da logística enfrenta em Portugal?
Um dos principais desafios é a adoção de tecnologias e soluções inovadoras para automatizar processos e operações.
“Onde eu sinto que há um atraso grande é precisamente nas empresas de equipamentos e soluções (…) vê se sempre quando determinada solução ou determinada tecnologia está a entrar em Portugal, ela já existe há um ano ou há dois anos na Alemanha ou na França, ou na Inglaterra, ou até mesmo em Espanha.”
Ao compararmos com outras partes da Europa, a adoção de soluções como sistemas de gestão de armazém (WMS) e sistemas de transporte (TMS) ocorre, muitas vezes, com algum atraso. Isto resulta numa menor eficiência nas operações e numa possível perda de competitividade.
Outro desafio tem sido a sustentabilidade. Tem-se visto um aumento na preocupação do setor relativamente a este tema. A integração de práticas sustentáveis, que envolvem a otimização de rotas, a redução de emissões de carbono e a minimização do impacto ambiental, tem sido uma necessidade para as empresas.
A crescente digitalização dos processos tem tido impacto na formação?
Temos vindo a assistir a uma convergência entre a digitalização e todos os aspetos do setor de logística, e a formação não pode ficar para trás.
Perante esta tendência, a Flow Training Academy tem tido o cuidado de adaptar os seus cursos às necessidades de cada empresa, onde cada vez mais entram as questão da tecnologia e da digitalização. Este tipo de abordagem personalizada reflete a crescente procura pela integração de temas mais específicos no plano de formativo.
Qual é o estado do talento no setor? Existem novas opções formativas?
Nos últimos tempos, tem-se assistido a um crescimento do talento no setor da logística e supply chain.
Esta evolução positiva foi marcada pela diversificação das opções formativas oferecidas para responder às necessidades do setor. Apesar de algumas universidades já oferecerem cursos de Engenharia e Gestão Industrial, com foco em logística e supply chain, houve uma notável expansão das ofertas educativas.
“Isso fez com que, nos últimos anos, as pessoas [sem especialização na área] pudessem adquirir competências adicionais, em cursos mais pequenos, de duração de um ano, ano e meio.”
As ações de formação oferecidas por instituições como a Flow, adaptáveis à realidade de cada negócio, desempenham um papel fundamental, pois proporcionam uma abordagem acessível e prática para aqueles profissionais e empresas que procuram uma introdução ou um aprofundamento de temas específicos.
Como é que a logística em Portugal está a ir de encontro à revolução tecnológica?
O caminho para o futuro da logística tem sido uma jornada complexa e fascinante, impulsionada pela revolução tecnológica. E Portugal não se pode deixar ficar atrás.
“[Em Portugal] existem duas situações: empresas altamente desenvolvidas, que estão constantemente à procura de novas soluções, e outras que ainda estão a ponderar se devem implementar um sistema de gestão de armazéns (WMS) à medida que o volume de operações cresce e a necessidade se torna evidente.”
Barros fala também do aumento da consciencialização dos profissionais da área para o papel fundamental da tecnologia na otimização e eficiência das operações logísticas.
Por este motivo, a formação no setor está a ser adaptada para lidar com a necessidade de uma maior implementação tecnológica.
Portugal tem um caminho longo em direção à revolução tecnológica que já tomou conta de grande parte das cadeias de abastecimento na Europa, no entanto, Barros acredita que “as empresas se estão a tornar cada vez mais ágeis e eficientes, com a tecnologia a ocupar um papel central nas operações.”
"Há um grande interesse nessa área, e o foco está claramente em soluções e softwares específicos, como o da Deliverea, que surgiram para responder a desafios específicos. Isto é especialmente evidente nos últimos quatro ou cinco anos, quando estas necessidades se tornaram mais visíveis."
A formação é, efetivamente, impulsionadora da eficiência no setor?
“Eu acho que a pandemia claramente deu aqui um empurrão muito interessante àquilo que a Flow Training Academy faz.”
Com o impulso dado pela pandemia ao ensino online, a formação tem-se tornado num elemento vital para a eficiência das empresas perante uma indústria que está em constante evolução.
Tem sido notório um maior envolvimento das próprias empresas nos conteúdos formativos, para serem completamente talhados às suas necessidades.
“Muitas vezes, há alguns tópicos no conteúdo programático da empresa que eles consideram que precisam tanto, porque já dominam bem. Em vez disso, solicitam que nos foquemos mais em outras áreas específicas. Além disso, há também ad ons que são inseridos no curso ou que nos pedem para incluir.”
Atualmente, a tecnologia (automatização) e a sustentabilidade emergem como as palavras-chave das próximas etapas de capacitação na indústria logística.
“Fico sempre com a ideia, nos nossos e noutros eventos, que todas as empresas estão bastante preocupadas com a sustentabilidade a vários níveis, social, ambiental e económico, mas que depois, na verdade, ainda está muito por fazer.”
Ao investirem em dar formação às suas equipas, as empresas mantêm-se atualizadas relativamente ao mercado e conseguem ir de encontro aos desafios da indústria com maior conhecimento.
Quer saber como pode impulsionar a sua logística de última milha?
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